quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Blues

Estruturalmente, o Blues acabou se fixando numa forma bastante rigorosa, quase clássica: 12 compassos, divididos em três partes iguais, no esquema A-A-B, com um acorde diferente sublinhando cada parte. O segundo verso invariavelmente repete o primeiro:

"I´m going down and lay my head on the railroad track.

I´m going down and lay my head on the railroad track.

When the train come along, I´m gonna snatch it back."


Esta é a estrofe típica do Blues e, como salientou o maestro Leonard Bernstein no seu LP "O que é Jazz", sua métrica é a do pentâmetro jâmbico, uma das mais clássicas de toda a literatura. Em tom de brincadeira, naquele álbum didático, Bernstein canta e toca ao piano um "Macbeth Blues", baseado num importante trecho da peça de Shakespeare:


"I will not be afraid of death and bane,

I will note be afraid of death and bane,

Till Birnam forest come to Dunsinane."


A origem da estrofe do Blues pode estar ns antigas baladas anglo-saxônicas - as "ballits" - que os negros aprenderam na América. Misturando o seu grito primal com as canções de trabalho e com as canções de ninar, com a harmonia dos hinos religiosos e com a estrutura das baladas, o negro americano chegou ao Blues, sua principal forma de expressão. Nada melhor do que um professor de Literatura e historiador do Jazz, Marshall Stearns, para definir a estrofe do blues:


"(...) é um bom veículo para uma narrativa de qualquer tamanho. Ao mesmo tempo, é mais dramática: os dois primeiros versos criam a atmosfera de modo claro pela repetição e o terceiro desfere o golpe. A estrofe do Blues é comunicação concentrada, feita sob medida para a apresentação ao vivo em meio a um público participante."

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