sexta-feira, 30 de novembro de 2007

GÊNESIS




No princípio era o deus Blues no céu e a deusa Jazz na terra. Deuses filhos e desmemoriados de sua origem, o continente ancestral, a terra de Sião e a terra do Leão, terra das matas profundas e dos batuques incessantes. Guardavam características de suas origens, mas simplesmente as desconheciam, e tudo reinava na mais santa "paz" nas terras da Babilônia. Mal sabiam estes deuses que propositalmente não possuíam memória, fora-lhes arrancada por algum Hamurabi e algum de seus códigos.


Blues era rude e trovejava tristeza do céu azul, entre raios e chuvas chorosas. Na terra, Jazz fomentava a lúxuria com toda a sua pompa e sofisticação. Blues era cego por natureza, Jazz era cega por opção. O azul e o dourado formavam o mundo de então. Manipulados, mas formavam.




quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O AMOR, ESSE INCOMPREENDIDO






Parece ser exaustivo falar tanto de amor, mas talvez ele seja a única coisa em excesso que não nos faça mal.



Tento não procurar justificativas para ele, mas ele vem e acontece e, de repente, um caminhão te atropelou e você está deitado na estrada vislumbrando o céu. O que será o amor, esse incompreendido?




Talvez o amor seja perder o fôlego subindo em uma ladeira de forma afobada, ou disputar uma corrida nas escadas de um metrô qualquer, ou esperar um caixa de um restaurante fast food enrolado com o dinheiro, ou perder a medida do tempo no telefone, ou mesmo ouvir uma música de James Morrison ou Tom Jobim. Pode ser o choro de uma noite solitária, ou uma frase famosa do Vinicius de Moraes, pode ser o café da manhã numa esquina da Augusta ou também o pastel da feira que pode servir de refeição. O amor pode ser um desenho infantil no teu braço e pode ser uma foto tirada em meio a um momento raro, ou pode ser a negação ao cigarro e a renúncia à coisas ruins. Pode também ser uma gaveta exclusiva e também ser um gato preto deitado em seu colo. Pode ser o hidratante no rosto, ou assistir à "Cor Púrpura" e pasmem!, assistir à "Rambo: Programado para Matar". Pode ser a cidade natal do U2 ou a capital do já antigo Império Britânico, assim como pode perfeitamente ser 34 centímetros de diferença. Pode ser alguém que acha a Publicidade anti-ética e adere ao Terceiro Setor ou pode ser um marxista por convicção. Pode ser o Palmeiras, o Corinthians, o Juventus, o Boca Juniors, o River Plate. Pode ser o futebol, sem dúvida. Pode ser uma mensagem no celular, um depoimento no Orkut, um textinho num simples cartão, ou uma homenagem no fotolog ou num blog. O amor pode ser tudo o que diz respeito a nós, inclusive a saudade que acomete o escritor.



00h:30, dia 29 de novembro de 2.007

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

PALAVRAS CORROMPIDAS

Pagode: no sentido original, roda de sambistas, onde prevalecem a animação, o bom-humor e as brincadeiras.
Pagode: sub-estilo musical conhecido por suas letras repetitivas, o tema quase único (o amor banalizado) e a construção pobre da "poesia", no entanto, muito popular.

Axé: palavra originada do iorubá africano que denota a energia maior da Natureza, sendo o poder de realiza
ção através do sobrenatural.
Axé: estilo de música que observa a vida como uma grande festa, sendo hoje quase que totalmente voltado para a descontração de jovens com um maior poder aquisitivo nas chamadas "micaretas" (palavra esta que vem do francês "meio da quaresma").

Abad
á: abadá é uma palavra de origem africana, do iorubá, trazida pelos negros malês para a Bahia. É um tipo de bata ou camisolão branco usado pelos muçulmanos que aqui aportaram como escravos.
Assim também é chamada, até hoje, a indumentária dos capoeiristas. É provável que essa bata que servia as orações também vestisse os jogadores da capoeira durante suas rodas. Existe a lenda de que capoeiristas usavam branco como forma de demonstrar suas habilidades: os melhores mestres da capoeira mantinham seus abadás impecáveis depois da luta.
Abadá: atualmente conhecido como a roupa que veste os jovens burgueses que participam das "micaretas", geralmente de cor espalhafatosa. Servem como o ingresso para estas festas, com médias sempre acima dos R$60,00.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

EU SEI QUE VOU TE AMAR





Vinicius de Moraes e Antonio Carlos Jobim

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida, eu vou te amar
Em cada despedida, eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua, eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta tua ausência me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

ENTRE FEIRAS E HORTIFRUTIS;


A feira é província. O hortifruti é o global.
A feira é periferia. O hortifruti é o centro.
A feira é o humano. O hortifruti é maquinal.
A feira é alegre. O hortifruti é profissional.
A feira é pechinchada. O hortifruti é tabelado.
A feira é o povo. O hortifruti é o novo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

SINGELA HOMENAGEM.

MV Bill é um cantor de rap brasileiro nascido em Cidade de Deus, Rio de Janeiro. Não informa seu nome verdadeiro, embora use o pseudônimo Alex Pereira Barbosa como nome alternativo. MV Bill foi um dos fundadores da Central Única de Favelas, a CUFA, que é responsável por várias atividades sócio-educativas realizadas em várias favelas, entre elas a Liga Brasileira de Basquete de Rua.
Mano Brown, nome artístico de Pedro Paulo Soares Pereira, (São Paulo, 22 de abril de 1970) é um rapper brasileiro, vocalista do grupo Racionais MC's, grupo de rap formado na capital paulista em 1988 e integrado por Ice Blue (Paulo Eduardo Salvador), Edy Rock (Edivaldo Pereira Alves) e KL Jay (Kleber Geraldo Lelis Simões).
É o compositor das letras que abordam a vida na periferia das grandes cidades do Brasil.
Luís Gonzaga Pinto da Gama (Salvador, 21 de junho de 1830 — São Paulo, 24 de agosto de 1882), melhor conhecido como Luiz Gama (como grafado à época), foi um advogado, jornalista e escritor brasileiro. Adepto do movimento abolicionista, Gama foi considerado o "advogado da raça negra". Possui pensamentos interessantes, como os seguintes:
- "O escravo que mata o seu senhor pratica um ato de legítima defesa."
- "Em nós, até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença,o estigma de um crime.
Mas nossos críticos se esquecem que essa cor é a origem da riqueza de milhares de ladrões que nos insultam; que essa cor convencional da escravidão. tão semelhante à da terra, abriga sob sua superfície escura, vulcões, onde arde o fogo sagrado da liberdade."
Zumbi (Alagoas, 1655 — 20 de novembro de 1695) foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares. Atualmente, o dia 20 de novembro, feriado em mais de 200 cidades brasileiras, é celebrado como Dia da Consciência Negra. O dia tem um significado especial para os negros brasileiros que reverenciam Zumbi como o herói que lutou pela liberdade e como um símbolo de liberdade. Hilda Dias dos Santos incentivou a criação do Memorial Zumbi dos Palmares.
Steve Bantu Biko (18 de dezembro de 1946 - 12 de setembro de 1977) foi um conhecido ativista do movimento anti-apartheid na África do Sul, durante a década de 1960.
Insatisfeito com a União Nacional de Estudantes Sul-africanos (National Union of South African Students((en))), da qual era membro, participou da fundação, em 1968, da Organização dos Estudantes Sul-africanos (South African Students' Organisation). Em 1972, tornou-se presidente honorário da Convenção dos Negros (Black People's Convention).
Em março de 1973, no ápice do regime de segregação racial (Apartheid), foi "banido" , o que significava que Biko estava proibido de comunicar-se com mais de uma pessoa por vez e, portanto, de realizar discursos. Também foi proibida a citação a qualquer de suas declarações anteriores, tivessem sido feitas em discursos ou mesmo em simples conversas pessoais.
Em 6 de setembro de 1977 foi preso em bloqueio rodoviário organizado pela polícia. Levado sob custódia, foi acorrentado às grades de uma janela da penitenciária durante um dia inteiro e sofreu grave traumatismo craniano. Em 11 de setembro, foi embarcado em veículo policial para transporte para outra prisão. Biko morreu durante o trajeto e a polícia alegou que a morte se devera a "prolongada greve de fome empreendida pelo prisioneiro".
Nelson Rolihlahla Mandela (Qunu, 18 de julho de 1918) é um advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Principal representante do movimento antiapartheid, como ativista, sabotador e guerrilheiro. Considerado pela maioria das pessoas um guerreiro em luta pela liberdade, era considerado pelo governo sul-africano um terrorista. Passou a infância na região de Thembu, antes de seguir carreira em Direito. Em 1990 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz, que foi recebido em 2002.
Shelton Jackson Lee (20 de março de 1957, Atlanta,Geórgia), mais conhecido como Spike Lee, é um cineasta, escritor, produtor e ator estadounidense. Ícone do cinema negro americano, sempre abordou a temática racial abrindo as portas em Hollywood para uma conscientização sobre os problemas sociais do país. Além de diretor, produtor e roteirista, ele seguidamente atua em seus próprios filmes.
Marcus Mosiah Garvey (Saint Ann's Bay, Jamaica, 17 de agosto de 1887 – Londres, 10 de junho de 1940) foi um comunicador, empresário e ativista jamaicano.
É considerado um dos maiores ativistas da história do movimento nacionalista negro. Garvey liderou o movimento mais amplo de descendentes africanos até então; é lembrado por alguns como o principal idealista do movimento de "volta para a África". Na realidade ele criou um movimento de profunda inspiração para que os negros tivessem a "redenção" da África, e para que as potências coloniais européias desocupassem a África.
Huey Percy Newton (Oakland, 17 de fevereiro de 1942 – Oakland, 22 de agosto de 1989) foi um revolucionário norte-americano, co-fundador e líder inspirador dos Panteras Negras, uma organização política negra voltada para a luta pela igualdade racial nos Estados Unidos, fundada em 1966 na Califórnia.
O Dr. Martin Luther King, Jr. (15 de janeiro de 1929, Atlanta, Geórgia – 4 de abril de 1968, Memphis, Tennessee) foi um pastor e ativista político estadunidense. Pertencente à Igreja Batista, tornou-se um dos mais importantes líderes do ativismo pelos direitos civis (para negros e mulheres, principalmente) nos Estados Unidos e no mundo, através de uma campanha de não-violência e de amor para com o próximo. Se tornou a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato. Seu discurso mais famoso e lembrado é "Eu Tenho Um Sonho".
Malcolm Little, mais conhecido como Malcolm X (19 de maio de 1925, Omaha, Nebraska — assassinado em 21 de fevereiro de 1965, Nova Iorque), foi um dos maiores defensores dos direitos dos negros nos Estados Unidos. Fundou a Organização para a Unidade Afro-Americana, de inspiração socialista.

sábado, 17 de novembro de 2007

OGUNHÊ!


As sete espadas saíram da mata

Era Ogum! - gritou o caçador


As sete espadas saíram do mar

Era Ogum! - gritou o pescador


As sete espadas saíram da terra

Era Ogum! - gritou o guerreiro


As sete espadas rasgaram o céu

Era Ogum! - gritou Olorum


Eu andei por ruas desertas

e um manto azul me escondeu dos perigos


Eu andei por estradas longas

e um manto vermelho me cobriu dos inimigos


Eu andei por terras, asfaltos e mares

e um manto prateado afastou de mim o medo


Meu pai e poderoso Ogum!

Senhor das sete serpentes

Senhor dos sete anéis sagrados

Deito a teus pés no dia de hoje, e sempre

para em louvor agradecer a tua proteção!


Ogunhê!

Ogunhê!



AMOR

Tanto falamos de amor, pois falemos mais.

Não sou católico, mas a frase que Santo Agostinho proferiu um dia, é da fato sempre bem-vinda:

"Questionado se poderíamos sistematizar de alguma forma o amor, respondeu:
A medida do amor, amigos, é amar sem medida."



Simples mas eficiente.
Que venha o amor.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O amor (surge) no ônibus 2 (segunda parte)

No dia seguinte, Moisés conseguiu pegar o busão no mesmo horário e, como no dia anterior, a menina aloirada apareceu. Já nesta altura, o único banco vago do ônibus era bem o da frente de Moisés, o qual foi ocupado pela menina, assim também como no dia anterior. Desta vez ela tinha os cabelos soltos, radiantes na visão de Moisés, e neste momento, ele pensou em acariciá-los, fazer aquele cafuné gostoso que só a sua falecida avó fazia nele; mas pensou também numa possível reação da menina, e desistiu. Fantasiou a viagem inteira e tremeu, pensando ou não em tocar aqueles cabelos de um loiro bem sutil. Ficou só no plano do pensamento. Ela desceu e logo mais ele próprio também desceu, desgostoso com o destino. Isso foi em uma sexta-feira.
Na segunda, novamente o trabalho, novamente o cansaço e novamente o mesmo busão, com o mesmo motorista. O cobrador tinha mudado, parece que o anterior havia sido demitido por flertar com uma idéia de greve, algo assim. Moisés sentou no mesmo lugar imaginando que as cenas de dias passados se repetissem, mas enganou-se, porque logo mais a frente um busão da mesma linha estava quebrado, e todo o pessoal dele entrou no que vinha. Conclusão: de quase vazio que estava, logo o ônibus lotou-se e Moisés cedeu seu lugar a uma senhora de mais idade, que carregava um sacolão cheio de bugigangas. Dois pontos à frente, as expectativa de Moisés aumentaram e com razão, porque a menina loira estava no ponto. Moisés só ficou com a cara no chão quando viu que ela não entraria neste ônibus, uma vez que as pessoas estavam espremidas ao extremo. Intuiu que ela esperaria o próximo. Não! Moisés faria alguma coisa e deu o sinal para descer. O pessoal ficou puto, porque ele saiu de forma a empurrar todo mundo. Xingado por trás, Moisés desceu do busão e deu-se conta que deu bem de cara com a menina loira, perdendo-se nos seus olhos mel-esverdeados.

A vida tem coisas interessantes e inexplicáveis. Assim pareceu a Moisés neste momento, porque a menina não desviou os olhos, nem ao menos o ignorou. Fitou-o longamente, e neste momento Moisés era o mais belo ser do mundo, porque seus olhos deram vazão a uma vontade insuperável: a vontade de amar e ser amado.

Um busão de outra linha parou no ponto e, sem mais nem menos, a menina subiu nele. Parecia que aquele busão também servia à ela, mas não a Moisés. Esse foi o pensamento dele. Não existia necessidade alguma de Moisés pegar este ônibus, então encarou o ônibus que se ia com olhos de órfão.

Moisés nunca mais cruzou com aquela menina, seja no busão, seja na rua, o que lhe rendeu certa dor. Mas ao mesmo tempo, Moisés vislumbrava com mais esperança o mundo, porque certamente a achou nos olhos mel-esverdeados daquela menina, quando olharam-se um ao outro no fundo de suas almas.

O amor (surge) no ônibus 2

Moisés tinha vinte anos feitos e cravados e morava no Campo Limpo, próximo ao Inocoop. Conseguira há pouco um trampo com que se sustentar, embora ainda vivesse com sua mãe e os três irmãos mais novos. Era pelo menos o suficiente para que pudesse se distrair um pouco e comprar alguma coisinha, alguma roupa, qualquer coisa. Era esforçado e justo, mas assistindo à TV e observando banners e outdoors mundo afora, considerou que era feio. Essa conclusão foi acrescida com um comentário que ouviu de colegas no trampo um dia desses, quando um deles pensou em convidar Moisés para fazer qualquer rolê na Vila Olímpia, de repente engatar uma balada. O outro rebateu a proposta afirmando: "Não, meu, melhor não, aquele Moisés vai queimar o nosso filme. Sei lá, ele é aquele tipo neto de nordestino que as mina dá risada da cara! Nada contra, mas ele é meio zoado." Eles nem perceberam que Moisés estava ligeiramente próximo e ouviu tudo, fio da meada por fio da meada.
Pegava sempre o mesmo busão quando voltava pra casa, às seis da tarde já batia uma saudade da mãe e da comida que ela fazia. Quando subia no busão, ainda estava vazio e podia sentar-se. Quando descia, quase no ponto final, parecia uma grande lata levando gado. Mas sempre sentava-se. E ficava quieto todo o itinerário, observando o mundo que o rotulava como "queimador de filme".
Um dia entrou uma menina no busão. E sentou-se no banco à frente de Moisés. Tinha o cabelo meio aloirado e bem liso e não fitava ninguém no busão. Mas despertava a atenção geral, inclusive das mulheres. Moisés parou um pouco de observar o mundo e começou a imaginar coisas com aquela menina. Coisas boas, ressalte-se aqui. Moisés nunca havia namorado. Sentia falta de alguém. Tinha família, amigos, era até bem suprido nesses sentidos. Mas seu coração jovem pedia um pouco de um amor diferente.





Continua...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Babilônia

ANTI-PROFISSIONALISMO

MUITA FALTA DE ANTI-PROFISSIONALISMO (DUB DO QUINTO ANDAR)

O que é a Babilônia?
Quem controla sua vontade ? Seu espírito ou a
sociedade?
Que controla sua vontade? Seu ego ou a verdade?
Seu ego sem saciedade. A verdade por trás do véu
Nada é o que parece ser.
Caminho pavimentado a base de mentiras, belas
mentiras.
Atraentes, se pisa em cima o troço sede feito areia
movediça.
Rapidamente o aroma de perfume caro se transforma em
cheiro de carniça
Isso é a Babilônia
Sociedade sem saciedade, isso é gasolina e fagulha meu
cumpadi.
Isso é a Babilônia
Seu ego é seu maior inimigo
isso é a Babilônia
é o que te separa, é o que segrega é o que não agrega
é o grande espírito fraco; essa é a regra sem exceção

não há separação essa é a parada
teoria sem prática não representa nada
"Eu represento", não representa nada
Há muito combustível no ar
isso é gasolina e fagulha meu cumpadi
Combustão pra sua insônia
Combustão na Babilônia
os profetas do deserto estavam certos
eles tinha razão
o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão
o cantador cego remado pela multidão inteira
embriagada
em direção equivocada
oposta a verdade interpretada
pelo orgulho dela, falsa humildade.


Isso é a Babilônia.

domingo, 11 de novembro de 2007

Ras Tafari Hailê Selassiê I, imperador da Etiópia (1892-1975)

RAS TAFARI

Quem assistia ao "Chapolin", ou ainda o vê, deve lembrar-se de um episódio em que o protagonista Carlos Bolaños vivia o rei Salomão, filho do rei Davi (aquele mesmo, da Bíblia e da estória das duas mães). Nesse episódio, ele recebe a visita da rainha de Sabá, um dos maiores reinos africanos da época, localizado onde hoje é a atual Etiópia e a Eritréia. O pessoal deve se lembrar também que Salomão não desgrudava desta rainha e a queria a todo custo. Saindo um pouco de "Chapolin", a estória bíblica insinua que Salomão manteve a rainha de Sabá (que chamava-se Makedda) numa espécie de cativeiro durante sua visita à Israel. Ela só alcançaria a libertação se dormisse uma noite com Salomão, o que enfim aconteceu, depois de certa insistência.
Certas tradições etíopes dizem que Makedda ficou grávida de Salomão, unindo os tronos de Sabá e das doze tribos de Israel. É fundamentada neste fato a teoria de que a Arca da Aliança (aquela mesmo de Indiana Jones), que guardava as tábuas dos Dez Mandamentos de Deus, estaria escondida até hoje em alguma região inóspita da Etiópia, e que Makedda teria escondido esta linhagem Sabá-Israel.
Muitos anos depois, no começo do século XX, a Etiópia foi invadida pela Itália fascista, sendo posteriormente libertada por Hailê Sellasiê, que veio a tornar-se imperador de sua nação. Sellasiê proclamava sua origem divina dizendo fazer parte da linhagem de Makedda e Salomão, e adotou o nome de "Ras Tafari", que significa, entre etíopes e coptas, o "príncipe da paz". De fato, Sellasiê manteve a Etiópia como a única nação livre da África, enquanto todas as outras eram ainda dominadas e colonizadas por europeus e americanos.

Ativistas políticos, pregadores religiosos e influentes homens da Jamaica tomaram partido destas informações e creditavam mesmo o poder divino à Sellasiê, por manter parte do povo africano em liberdade. Começou neste momento o dito "rastafarianismo", que pregava a unidade, a espiritualidade e a liberdade. O resto é história.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A UM IRMÃO.




Laroiê meu nego,

olha a luz da rua

são sete encruzilhadas

são sete cenas da sua Lua


Lunático-dramático-enfático

A Lua ilumina o (ex)Negrit

O drama é parte do nego

A ênfase termina esse kit.

Afirmação-afronação

Orfã orgulhosa;


Sua irmã de entranhas labirínticas

É também orfã...

Foi descabaçada no ato de sua criação

Rua-tua-sua


A avenida tá vazia,

e a luz a ilumina

Ocre noite, parda criatura

A caminhar, andarilho louco

A admirá-la

A noite ou a rua?

Não, a vida.

terça-feira, 6 de novembro de 2007


Esse é o camarada Lenin, da frase embaixo.

UMA PAUSA.

Uma pausa para uma frase de Vladímir Ilitch Lenin (1870-1924), idealizador da Revolução Russa, que sempre soa muito atual: "Não tomo o partido dos primeiros, mas o que são os ladrões de banco comparados aos próprios bancos?"

domingo, 4 de novembro de 2007

O amor (surge) no ônibus.

O trânsito era mais do que insuportável, e todo mundo se perguntava se o inferno era muito distante, em anos ou distância, tanto faz.
É praxe que no busão as mulheres idosas, as mulheres com crianças de colo e mesmo as simplesmente mulheres tenham preferência para sentar-se. Enquanto isso, os caras ficam admirando a Marginal Pinheiros e o trânsito (que nada tem de belo). Alguns admiram o material humano sentado, mas fica só na instiga mesmo, nos desejos retraídos. Alguns tentam ler e outros tentam conciliar uma música no ouvido através dos mp3s chineses com as duas visões: as paisagens de fora e as de dentro. E ainda outros perseguem o infinito, poderiam estar dormindo que não faria a menor diferença.
Era o caos, em verdade todos pareciam estar fugindo de uma catástrofe natural e chegar o quanto antes à seus lares, era uma fuga em massa da civilização do trabalho para chegar ao conforto do sofá, da janta e do alívio dessa vida. Quanto mais subúrbio melhor, a impressão era a de que uma bomba atômica explodiria no centro da cidade. Quanto mais subúrbio, melhor. O alívio da província. Mas o cenário era caótico e aterrador: quem não soubesse o que era desespero, poderia ver uma ilustração neste cenário.
Uma criança chama a atenção. Estava no colo da mãe, sentada em um assento. Em verdade, a mãe era uma maravilha, jovem e fresca. Mas o seu bebê estava chamando a atenção muito mais do que a própria mãe, depois de um tempo. Talvez o único sorriso sincero, desprendido de qualquer desespero: o sorriso da criança era um pedaço de alívio temporário, um estímulo ao lar, que ainda demora a vir; não compreende o mundo à sua volta, toda aquela bagunça, o horário de pico da volta à casa, o trânsito caótico e milimétrico, o calor tropical e urbano, os sonhos os mais distantes possíveis. Não compreende, e é melhor que não compreenda mesmo. Há a esperança de que seu mundo seja diferente, no auge de sua maturidade, e que seus sorrisos não sejam em vão.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

1.

Laroiê! Tamo aqui pro que der e vier.