domingo, 27 de julho de 2008

Diálogo


"Códigos do Caos" - Xilogravura - 2.006


"Exu Laroiê! Saravá Sua Banda!"
Tinta têmpera-guache s/ papel
paraná - 2.007

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Pris:
Conrado!
És querido!!

Esta achei a cara da arte que faz..

Eu
Augusto dos Anjos

E o índio, adstrito à étnica escória, tendo o horror no rosto impresso,
recebeu o achincalhe do progresso,
anulando-o da crítica da História!

De repente, acordando da desgraça,
viu toda a podridão de tua raça na tumba de Iracema!...

Ah! Tudo, como um lúgubre ciclone, exercia sobre ele ação funesta.
Desde o desbravamento da floresta
à ultrajante invenção do telefone!


Conrado:
Muito boa Pris...

Ainda que não só o indígena, mas também o negro e sua cultura...

Não nego a cultura do homem branco, tem sim muitos aspectos ricos. A questão é igualar a esta cultura também as culturas dos oprimidos de nossa nação...um resgate, uma apropriação de modo a valorizá-las...ainda que eu não faça questão de deixar isso aparente, porque muitas pessoas não gostam de tanto conceito sócio-político-cultural em cima de um trampo artístico...


Pris:
Isso é, mas sinceramente, quanto à cultura do homem branco não concordo muito, com relação ao Brasil, até porque a existência da história foi toda esculpida pelas mãos dos negros, sem luva..., tenho certeza que a conversa aqui seria infinita se prolongássemos o assunto.Quanto à arte, a cara mesmo Conrado, é provocar saca, porque ela não está 100% em olhar o que se é agradável, em minha opinião a expressão que você expõe, remete a muita coisa, pode não haver intenção, mas existe uma riqueza grandiosa ao olhar, talvez o ‘outro’ não o perceba, porque é preciso ter sensibilidade o bastante para enxergar isso. O importante é fazer o que realmente gosta, quando se pode fazer, independente do que pensam. Reponde-me uma questão se sentir à vontade é claro, que me deixou em dúvida, até porque prefiro saber a resposta antes de criar conceitos: Você se importa mesmo como as pessoas vêem sua arte e faz só o que agrada os olhos?/Sem culpas quanto à pergunta e o mesmo digo com a resposta.
Satisfações em compartilhar idéia


Conrado:
Pris...

Como artista que sou, não posso deixar de pensar o lado estético da obra, pensar sobre sua composição, sobre seus elementos plásticos, et cetera..

Mas a tendência é a seguinte: artista não pode encher uma obra com cargas conceituais muito grandes...penso que isso a limitaria...

Minha ideologia ninguém tira de mim, mas nem sempre é bom sobrecarregar a arte com tais motivos...se eu seguisse 100% de minha ideologia na arte, eu seguiria uma escola do tipo Realismo Socialista...mas sem dúvida concordo que a arte deve provocar, deve ser crítica, não deve ter como parâmetro a própria arte.......isso seria o suicídio da arte e também o seu afastamento da vida. Portanto, penso que a arte pode e deve ser crítica, mas nem toda obra que um artista produz, sob a pena de tornar-se panfletária...

É preciso criticar sim, mas com inteligência...ainda assim, te mando no scrap um exemplo bem concreto de arte com caráter mais panfletário...que eu fiz..

Bjão..!




"Alvorecer da Revolução" - Plasticogravura - 2.006

Um comentário:

C E N A 7 disse...

Diálogo; é disso que se trata, esse diálogo é uma Arte, os dois, são luz na minha vida! Agradeço por "ter".